Não se esqueçam também de viver.
Até amanhã!
Até amanhã!
E depois, por muitos dias imperfeitos que tenhamos para contar, por muitas feridas que o nosso coração ostente orgulhosamente (orgulhoso porque continuou, no fundo, a bater, mesmo com todas essas feridas), depois, por muitas horas de pensamentos que mais não fazem do que nos atirar para um lugar que não nos impede de existirmos, mas impossibilita-nos de vivermos... Por muitas perguntas que tenhamos feito sobre a vida, o futuro, o presente e nós próprios, por muitas conversas que tenhamos tido, por muitos minutos que tenhamos passado a recuar no tempo, a tentar perceber onde é que falhámos, o que é que poderíamos ter feito de forma diferente, porque é que não vimos determinadas coisas, ou porque é que vimos tantas outras... Por muito pesado que o nosso andar seja, e os nossos passos se arrastem pelos nossos dias eventualmente iguais, vazios, sem vida... Por muita falta de crença que levemos nas mãos, no coração e na alma... Chega-nos, à nossa vida, o dia em que, estranhamente, tudo isso muda. E aprendemos a relativizar. E vemos que de facto mesmo nos nossos dias mais vazios, temos coisas realmente bonitas. Vemos que no fundo, no fundo, até temos o mais importante e que o passado é passado e já está feito. Não o podemos alterar, por muitas viagens que façamos para todos aqueles dias que acabaram. Porque há sempre uma coisa ou outra que nos puxa de volta para o presente, como termos de acordar para mais um dia, como vermos que os lugares continuam a existir, que o sol continua a nascer no mesmo céu e as pessoas em nosso redor continuam a viver. Porque um dia acordamos e a vida obriga-nos, mais não seja através da felicidade, a vivermos no presente. E é como se lá fora existisse toda uma tempestade capaz de abalar o mundo, mas dentro de nós nascesse uma manhã de sol quente.
[10 coisas que gostarias de dizer a 10 pessoas diferentes]
E a praia hoje era praticamente só nossa. Deserta para nós, para as nossas conversas e para os nossos sonhos. Um pescador via-nos ao longe, alheado das nossas mágoas e alheado das nossas alegrias. Para ele a vida era possivelmente demasiado simples e sem grandes rodeios. Para ele existia o mar, existiam as ondas, as algas e todos os peixes que colheria. Um céu como testemunha. Um coração e uma vida. Para nós existia tudo isso também. E mais ainda.
Afinal e bem vistas as coisas, não existe sentimento mais reconfortante, mais seguro, mais nobre, do que o amor. Não há nada que nos encha mais o coração, que nos remende, ainda que por segundos ou minutos, ou escassas horas, todas e quaisquer feridas do nosso coração. E aqui falo de amor, simples amor. Seja por quem for e em que medida for. E podem vir todos os sentimentos do mundo, como grandes desilusões, tristezas, alegrias ou ansiedades, que o amor sobrepõe-se a todos eles e cura-os como só o amor consegue. Pode ser uma cura momentânea ou que, logicamente, não dura para sempre, mas é uma cura que nos faz erguer mais uma vez a cabeça, quando já não nos apetecia erguer a cabeça. É uma cura que nos faz rir, quando nem uma gargalhada julgamos ser capazes de dar. O amor é capaz de nos levar aos lugares mais profundos do nosso coração e fazer-nos acreditar em coisas que de tanto acreditarmos nelas, se tornam reais. Graças não só à nossa crença, como à nossa força e luta, para que se tornem reais. E estranhamente o amor faz-nos chegar à conclusão de que não importa realmente o quanto conhecemos de nós próprios, nunca conheceremos o suficiente para sabermos, antecipadamente, até onde iríamos, tudo o que daríamos, o que seríamos capazes um dia de fazer por amor. E é esse, talvez, o maior dos mistérios acerca do amor.
Passamos grande parte da nossa vida a sobreviver. Sobrevivemos aos nossos dias mais difíceis, sobrevivemos ao cansaço, à falta de esperança em dias em que deveríamos de ter esperança. Sobrevivemos às más notícias, à falta de sono, à monotonia, à apatia, ao vazio, à nostalgia. Sobrevivemos a tudo. E muitas vezes, injustamente para connosco, achamos que poderíamos estar melhor. Achamos que nada de realmente importante, especial, bom, acontece na nossa vida. Esquecemo-nos de que o facto de sobrevivermos a tanto - a sermos tão perseverantes, a não cairmos assim com tanta facilidade, a continuarmos com a cabeça tão erguida ainda, com um sorriso aqui e ali - faz de nós, de algum modo, vencedores. E se isto de sermos vencedores não poderá ser também uma razão por si só suficiente para nos sentirmos felizes, então não sei o que poderá ser mais. 
Um dos acontecimentos mais simples e ao mesmo tempo mais bonitos da vida, dá-se quando um completo desconhecido sorri para nós. E normalmente nesse sorriso cabe toda uma vida que ele não nos diz nem entrega, mas permite vislumbrar.
E não só. Acho mesmo que, no fundo, cada momento que nos despedaça o coração parece sempre o pior de todos. Achamos sempre que chegámos ao nosso limite. Ao fim da linha. Mas os dias vão passando e percebemos que, como aquele momento, possivelmente teremos muitos mais. E que isso só significa uma coisa realmente boa: que estamos vivos.
A nossa Vida resume-se assustadoramente a uma soma de voltas, que uns repetem mais vezes e outros menos. Dia após dia, ano após ano, repetimos sentimentos, momentos, estados de espírito, alternados apenas conforme os lugares, as pessoas e os anos de vida que temos para contar. Alegramo-nos continuamente. Desiludimo-nos mais ainda. Ficamos desgastados com as mesmas coisas, da mesma forma. Mas continuamos a dar voltas, no enorme carrossel que é a nossa vida. Podemos notar diferenças em cada volta, porque numa volta vemos alguém diferente e numa outra volta levamos outra disposição dentro do coração, mas continuamos sempre a rodar. E é um pouco como se a vida nos dissesse que só assim (sabendo previamente - graças a todas as voltas anteriores que demos - como curar feridas, como ser feliz) só assim, conseguimos tornar os momentos futuros melhores. Aprendemos a fazer as voltas na nossa vida com a cabeça mais erguida e um sorriso mais convincente nos lábios.

Podemos entristecermo-nos com as palavras mais cruéis. Podemos sofrer as maiores injustiças. Criar feridas abertas no nosso coração. Caminhar dias e dias sem fim com dúvidas que nos atormentam. Que nos atiram para sítios inimagináveis de sofrimento. Mas para mim, nada destroça tanto por dentro, como uma grande desilusão. Uma desilusão vinda, principalmente, de alguém que nos ocupa um lugar tão grande no coração. E é como se de repente as árvores estivessem mais despidas, os campos mais desertos, as músicas com menos melodias, as palavras com menos significados. Porque o lugar no nosso coração ficou irremediavelmente com menos, muito menos, brilho. Torna-se num lugar de memórias antigas, que mais não fazem do que nos obrigarem a lembrarmo-nos de que o nosso coração, no fundo, no fundo, só nos pertence a nós. E somos nós que temos de o carregar, com mais ou com menos pesar, com mais ou com menos vontade, com mais ou com menos vida.
Por vezes não basta o que alguém nos quer dar. Por vezes não basta que alguém nos tente compreender. Que tente esforçar-se... Que tente lutar... Que despeje nas nossas mãos mil palavras. Não basta que tente. Por vezes não nos basta isso. Tentativas. Tentativas que, no fundo, no fundo, não nos enchem o coração.
As coisas mais simples são sempre as mais bonitas. É estranho como a vida nos ensina precisamente isso. Tudo o que é muito complexo, complicado, difícil, desgasta-nos. Faz-nos respirar com mais dificuldade. Faz-nos menos felizes. Gosto muito de coisas simples, mas acima de tudo, gosto muito de pessoas simples. Pessoas que se riem e choram quando assim tem de ser. Pessoas que não tentam ter várias máscaras, porque a essência delas lhes basta para saberem quem são.


Existem no mundo pessoas tão bonitas por dentro e por fora, que, no fundo, é por sabermos que essas pessoas existem que nos choca mais a maldade humana. Mas elas existem, as pessoas que carregam todos os dias consigo um coração doente, movido pela própria doença. Uma doença que embora não seja física, lhes consome e enfraquece o coração como se de uma morte lenta se tratasse. Essas pessoas, donas de corações dos quais os únicos batimentos cardíacos que se escutam são movidos pela maldade, pela mágoa, pela revolta que transportam consigo, não conseguem viver e, pior, sobreviver, sem atormentarem os outros. São pessoas que vêem maldade nos outros. Vêem maldade nas acções dos outros, nas palavras dos outros. Não são capazes de entender que o que elas vêem é só e exclusivamente um espelho do seu próprio mundo. Porque estas pessoas não conseguem ser livres. Não conseguem lutar pela sua felicidade. Não. Vivem fechadas em salas de espelhos, com labirintos onde a saída é difícil de ser encontrada. Em cada espelho, vêem-se a si mesmas, e julgam, na sua ignorância, que estão a ver os outros. São pessoas que não são capazes de ter uma vida que as preencha, mas são capazes de tentarem apoderar-se da vida dos outros. Porque é disso que se trata. Tentam a todo o custo apoderar-se das vidas alheias, das histórias felizes, dos momentos, das provações alheias, para que elas próprias não se sintam totalmente, irremediavelmente, vazias. Ocas. Donas de uma vida sem sentido. São pessoas que não suportam que a única coisa diferente que lhes tenha acontecido nos seus últimos dias tenha sido mudarem a hora de saída das suas casas, ou o lugar dos talheres que colocam numa mesa. Não suportam, ainda mais, saber que na vida delas seja assim e nas vidas alheias os outros encontrem o amor das suas vidas, mudem para um emprego melhor, façam a viagem dos seus sonhos, tenham filhos, casem, sejam, no fundo, felizes. Estas pessoas não suportam saber de todos esses pequenos e grandes momentos que compõem a vida dos outros, porque se sentem como leitores de um livro do qual elas queriam fazer parte. Como não fazem parte dessas vidas, a única forma que têm de viverem com isso é tentando destruir a felicidade existente nessas vidas. Até que chega o dia em que se apercebem de que não conseguem. De que aquelas vidas são tão preenchidas, são tão cheias de momentos, de sorrisos, de confiança, que elas não conseguem destruir verdadeiramente aquela felicidade. E então o que é que estas pessoas fazem? Estas pessoas não se limitam a fazer o que fazemos quando deixamos de gostar por algum motivo de um livro que lemos. Estas pessoas não colocam o livro de parte. Não põem de parte aquela vida. Não. Porque isso poderia por ventura fazer com os seus batimentos cardíacos, movidos pela maldade, parassem. Assim, para que os seus corações, mesmo doentes, continuem a bater, estas pessoas preferem acreditar que aquelas vidas não passam de fantasias, de utopias, criadas pelos outros. Ou de exageros. Ou de repetições. De divagações constantes. Porquê? Porque estas pessoas não conseguem aceitar que nas suas vidas nada de especial aconteça. Não conseguem aceitar que os outros tenham tanto para viver. Não conseguem sobretudo aceitar que os outros se sintam abençoados pelas vidas que têm, mesmo que essas vidas sejam vidas reais, com dias bons e com dias maus. Não conseguem aceitar chegarem ao fim de cada dia e verem um calendário vazio, onde nada muda. Onde os dias se repetem, vazios, doentes, iguais, como os batimentos dos seus corações.




Vivemos sempre presos a um medo comum, o de arriscar muito e perder tudo. Vivemos assim porque é muito mais seguro, para nós e para os nossos sonhos. Falta-nos a coragem para tentar mais, para fechar os olhos à beira de um abismo. Falta-nos a coragem para vermos mais além, ouvirmos mais e aprendermos o que nos falta aprender com a vida. Porque vivemos quase sempre numa crença por vezes infundada de que quanto mais vivermos, mais facilmente podemos cair e, no limite, sofrer. Nesta falta de coragem achamos que estamos mais seguros, enchemo-nos de certezas. Preferimos invariavelmente as certezas à incerteza. E nem nos lembramos, tão pouco, que pomos de parte todas as possibilidades de conseguirmos ser mais felizes.
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