A minha irmã

Nunca escrevi sobre ela, reparo agora. Uma das pessoas emocionalmente mais fortes, que conheço. Temos uma diferença de idades de vários anos, mas nem por isso deixamos de nos entender mutuamente. Sei que há poucas pessoas da idade dela com aquela maturidade. Com aquela vontade de aprender com a vida e com os estudos. Com aquela aceitação própria que ela tem de as coisas nem sempre correrem bem. Com aquele apego único aos pouquíssimos (mas bons) amigos que tem. Com aquela percepção de que se ela não lutar para ser feliz por ela mesma, ninguém o vai fazer por ela. Já não vivemos juntas, é certo, mas continuo com a sensação que é como se ainda vivêssemos juntas. Ainda sei que ela é capaz dos maiores gestos de amor. Ainda sei que para lhe afastar a tristeza, basta que a abracem e fiquem em silêncio. Não é preciso dizerem-lhe nada. Ainda sei que para ela os estudos são realmente importantes e que ela gosta de ser boa aluna. Ainda sei que ela se sente muitas vezes culpada por coisas que em nada se relacionam com ela e sofre com isso. Ainda sei que ela se sente perdida muitas vezes e que lhe bastam palavras meigas para ela se reencontrar. Sei que há pessoas que se orgulham muito dela. E pessoas que a admiram. E pessoas que sabem que ela é especial. E sei que ela irá muito longe.


Para ti, querida J.

(Fica agendado. Nunca me esqueço de ti.)