Das memórias nas palavras

Há quem diga que uma imagem vale mais do que mil palavras. Percebo o porquê, mas desde que me lembro de ser eu, que sempre preferi as palavras. Cartas, postais, mensagens... As palavras são especiais. Acompanham-nos toda uma vida, se lhes permitirmos isso. Entre uma fotografia e uma carta, preferi sempre uma carta. Se as palavras fizerem sentido, se o que vivemos fez sentido, não precisamos da fotografia para nos relembrarmos do que quer que seja. Os pormenores todos estão lá. No nosso pensamento. Numa imagem cabem centenas de memórias. É verdade. Mas nas palavras cabem milhares de significados. Sons, cheiros, sentimentos, vozes, vidas. E é verdade que em algumas fotografias quase que nos é possível sentirmos os perfumes e ouvirmos as vozes... Mas se todos escrevêssemos sobre a nossa vida, como por exemplo Eça de Queirós descreveu o Ramalhete*, teríamos o relato mais completo da nossa existência. Não sei se sinto isto assim por ser apaixonada pelas palavras (como aliás o sou pela Fotografia) mas realmente nas palavras encontro um maior conforto. Mais compreensão. Menos vazio.
*Os Maias

7 comentários:

Marta disse...

Tenho a mesma opinião que tu, as palavras sõ mais reconfortantes e mais concretas do que as fotografias. Mas entre fotografias e pavaras, prefiro outra que são as atitudes. Beijinhos e BOM ANO :D

Morcegos no Sótão disse...

Só consigo expressar-me verdadeiramente através da palavra escrita. É lá que encontro clareza.

Compreendo-te.

MJNuts

R disse...

Tão verdade!

Joana disse...

adoro o Ramalhete! ;)

м disse...

Também sou mais de palavras do que de fotografias. mas confesso que adoro fotos também.

B. disse...

Há um dia em que as palavras só não chegam. Por mais grandiosas que sejam, sem actos são vazias e valem pouco.

Mas quando acompanhadas por aquilo que significam...são as melhores =)

Guinhas disse...

Achei curioso teres falado nos Maias. É engraçado porque é um dos meus livros favoritos mas conheço carradas de pessoas que não adoraram exactamente pela precisão dos pormenores. Por sua vez, a mim, foi essa precisão que me fez "ver"as escadas do ramalhete, "sentir" o desespero de uma paixão e viver intensamente aquela vida! Concordo, as palavras têm o dom de nos tocar de uma forma fantástica...