Das despedidas


Dizia* James Barrie, em Peter Pan, que dizermos "adeus" era esquecermos. Mas e se por vezes tivermos mesmo de esquecer, para conseguirmos seguir em frente? E se por vezes formos obrigados a esquecer, para conseguirmos ter paz, para conseguirmos dar um passo em frente, para conseguirmos viver no presente? Não implica que o esquecimento seja eterno. Não implica que apaguemos todas e quaisquer memórias... Mas acho que implica obrigatoriamente que as apaguemos do nosso Presente. Implica que as deixemos ficar lá atrás. Implica continuarmos em frente e não voltarmos a olhar para elas.
De cada vez que olhamos para trás, para essas memórias, esses minutos, parados, a olhar para elas, são minutos que perdemos. Minutos que poderíamos ter aproveitado para andarmos para a frente.
E se calhar é por isto que demoramos tanto tempo a chegarmos a um novo destino. Paramos demasiadas vezes para olharmos para trás. E de que é que isso nos vale? Se mais tarde ou mais cedo, somos mesmo obrigados a avançar?
Hoje escrevi uma carta de despedida. Estava a lê-la novamente. E está pronta. É tempo de deixar algumas memórias no tempo em que tinham vida.
Até porque, às vezes, ao avançarmos, permitimos às outras pessoas que avancem também. Mais não seja quando virem que nós já não paramos, não olhamos para trás, nem tão pouco nos lembramos constantemente que deixámos algo lá atrás, no Passado.


* Never say goodbye, because saying goodbye means going away. And going away means forgetting.

14 comentários:

Joana disse...

não concordo. despedir é só uma maneira de sossegar o coração. eu nao esqueco aqueles de quem me despedi. nunca.

Artemisa disse...

O passado é isso mesmo, passado. Deve ficar lá atrás...

Miss Daisy disse...

Ju, eu também não. E é certo que mais cedo ou mais tarde acabamos por relembrar as pessoas. Mas referia-me mais ao facto de não passarmos demasiado tempo do nosso Presente a lembrarmo-nos delas, quando elas ficaram lá atrás, no Passado :)

Por isso acho que sim, temos de nos permitir esquecer em parte, uma parte, pelo menos, para podermos continuar. Não significa que tenhamos de esquecer totalmente, ou para sempre, como escrevi:

"Não implica que o esquecimento seja eterno. Não implica que apaguemos todas e quaisquer memórias..."

Um beijinho

Elle disse...

Miss Daisy,

adorei o seu post e tudo o que escreveu é verdade. Não podemos dar-nos ao luxo de ficarmos presos ao passado.

a vida é demasiado curta

Mary disse...

Gostei muito do texto todo e acho que tens muita razão: não conseguimos esquecer totalmente, a 100%, mas só nos faz bem tentarmos avançar e deixar as coisas no passado que é onde devem estar!

:) :) beijocas

SM* disse...

Gostei muito! :)

Jorge disse...

And will you be brave enough to send the letter?

Curiosidade. Espero que me perdoes.

Gostei particularmente do texto!

Miss Daisy disse...

Jorge, claro que sim. Se não a quisesse enviar, não a teria escrito.

(Curiosidade perdoada)

Unknown disse...

Por vezes sinto que o destino me coloca pessoas ou coisas no caminho para me ajudar a tomar atitudes, e este texto... bem!!! Peço desculpa pela intromissão. Sigo, de forma anónima, sem comentários, o seu blog, que adoro. Não possuo blog sequer.

Em relação ao texto, concordo porque me sinto nessa situação e o excerto que mais me tocou foi "De cada vez que olhamos para trás, para essas memórias, esses minutos, parados, a olhar para elas, são minutos que perdemos. Minutos que poderíamos ter aproveitado para andarmos para a frente". Porque é isto mesmo... quantas vezes fico "presa" em memórias que me fazem perder tempo e sofrer, porque são isso, memórias e não me deixam avançar. Ontem tomei a mesma resolução que a Miss Daisy tomou, sem carta, para mim apenas... e hoje... hoje leio o seu texto e não podia estar mais de acordo :).

Felicidades para o futuro :).

MM

aovirardaesquina disse...

É tão dificil dizer adeus, tão dificil quanto necessário. Eu passei por um momento desses há pouco tempo e o problema era que sabia que tinha que o fazer mas havia dias em que me faltava a coragem, outros em que penssava que sou impulssiva demais. Acho que esse tempo em que hesitei me deu a formula de dizer adeus da maneira mais correcta e que me deixou em paz. Tens razão em tudo o que dizes, mas dizer adeus custa tanto, porque é crescer, obriga a sair da zona de conforto, obriga a olhar para nós e para os outros e crescer é doloroso. O problema nunca é o presente embora estejamos focados nele, é que quando dizemos adeus, ás vezes temos medo de como será o futuro depois dessa despedida.

Bjs
Su

Miss Daisy disse...

Ao Virar da Esquina, não podia concordar mais com essas palavras: "às vezes temos medo de como será o futuro depois dessa despedida"!

Miss Daisy disse...

Sofia, com ou sem carta, o importante é mesmo que a despedida seja feita, se isso nos permitir sermos mais felizes. Felicidades também :)

. disse...

Compreendi e já cada palavra que escreveu.
Há coisas que se sentem cá dentro, por vezes sentimos e torna-se mais forte que nós (isto, quando estamos dispostos a começar algo de novo). Por vezes parecemos estagnados no tempo. E aí, sentimos uma necessidade imensa de mudar.

Gostei mesmo muito deste texto. Deste e de muitos outros que já escreveu, e que eu tenho o maior prazer em ler (ainda que de soslaio e de forma discreta).

:)

Beijo*

Merenwen disse...

Ora aqui está um texto que eu podia aplicar à minha vida como uma luva!