Da estranha sensação de paz

E depois, por muitos dias imperfeitos que tenhamos para contar, por muitas feridas que o nosso coração ostente orgulhosamente (orgulhoso porque continuou, no fundo, a bater, mesmo com todas essas feridas), depois, por muitas horas de pensamentos que mais não fazem do que nos atirar para um lugar que não nos impede de existirmos, mas impossibilita-nos de vivermos... Por muitas perguntas que tenhamos feito sobre a vida, o futuro, o presente e nós próprios, por muitas conversas que tenhamos tido, por muitos minutos que tenhamos passado a recuar no tempo, a tentar perceber onde é que falhámos, o que é que poderíamos ter feito de forma diferente, porque é que não vimos determinadas coisas, ou porque é que vimos tantas outras... Por muito pesado que o nosso andar seja, e os nossos passos se arrastem pelos nossos dias eventualmente iguais, vazios, sem vida... Por muita falta de crença que levemos nas mãos, no coração e na alma... Chega-nos, à nossa vida, o dia em que, estranhamente, tudo isso muda. E aprendemos a relativizar. E vemos que de facto mesmo nos nossos dias mais vazios, temos coisas realmente bonitas. Vemos que no fundo, no fundo, até temos o mais importante e que o passado é passado e já está feito. Não o podemos alterar, por muitas viagens que façamos para todos aqueles dias que acabaram. Porque há sempre uma coisa ou outra que nos puxa de volta para o presente, como termos de acordar para mais um dia, como vermos que os lugares continuam a existir, que o sol continua a nascer no mesmo céu e as pessoas em nosso redor continuam a viver. Porque um dia acordamos e a vida obriga-nos, mais não seja através da felicidade, a vivermos no presente. E é como se lá fora existisse toda uma tempestade capaz de abalar o mundo, mas dentro de nós nascesse uma manhã de sol quente.

11 comentários:

Ana disse...

tão lindo! nunca nenhum texto disse tanto sobre mim como este... sinto tanto isso!

Fiona disse...

Adoro todos os teus textos. E então este texto toca-me de uma maneira que nem imaginas. Parabéns pela forma como escreves :)

Anónimo disse...

Pois podemos ...
Adorei o blog *-*
Está lindoo (:

.bruna* disse...

simplesmente lindo e diz tanto de tantos de nós.

beijo,
b.

Nokas disse...

Lindo! Adorei a maneira como expões as coisas :)

inês disse...

Ainda ontem me pus a pensar sobre isto :)

bécas disse...

sem palavras.
amei, simplesmente!

Anónimo disse...

Aqueles que conseguem relativizar sempre acreditam que é possível uma mudança.

Sabem, até, quanto custa uma emenda e que ela pode ajudar a reparar caminhos.

Do índio
Toksa!

Anónimo disse...

Quero esse dia... Preciso desse dia...
Adorei o texto...!

Um beijo

Agri Doce disse...

Temos de viver o presente, senão no futuro não teremos passado :)!!
Parabéns pelo blogue!

Let Life Happen disse...

Adoro... e assim se cresce... e assim se vive...:) Kiss*