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Não há nada como as páginas de um livro


Reparo agora, com alguma pena, que ler poemas em páginas de internet e não num livro é precisamente como ver apenas uma fotografia num catálogo de viagens de um lugar paradisíaco, mas não estar nesse lugar. Tudo não passa senão de uma imagem fantasiada e criada por nós, onde não chegamos a ter metade da noção do que aquele lugar é. Assim como nos escapam pelos dedos detalhes, sentimentos e sensações.
Releio os poemas que aqui pus ou que vou lendo online e penso cada vez mais para comigo: grande parte da graça dos poemas é perdida. Posso continuar a fazê-lo, porque antes uma pequena parte da graça do poema, que nenhuma, mas é certo que ainda não há nada como um poema solto e em destaque, centrado num branco profundo, de uma página de um livro.

Adoro-os


Todos os postais de todos os países. Gosto da minha colecção de postais como as pessoas que gostam de ler revistas de decoração e imaginam a casa diferente. Com outra luz. Com outra cor. Eu faço-o com os meus postais. Não imagino a cor e a luz na minha casa. Mas imagino-a no meu coração. O efeito é ainda melhor. Se viajar não é a melhor coisa do mundo, anda lá perto. Muito perto.

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes,
de viver de ver somente!

[...]
O resto é só terra e céu.

F. Pessoa

Um dos melhores poemas de sempre #1


« Não digas que o trabalho é desperdiçado,
Nem que o esforço falha [...]

Pois não é em vão que em golpes seguidos,
Com pressa medida, em fragor crescente,
O mar actua nos rochedos batidos
E invade a praia, ruidosamente.

Mas ele bate e bate com força
Em dias, semanas, em meses e anos,
Até que apareça mossa sobre mossa
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos.

E os anos passam, as gerações vão,
E menores se quedam as rochas cavadas;
Mas ele, com lenta e firme precisão,
Baterá na terra suas altas vagas.

[...]

Seu poder imenso ainda mantém
E, inda mais além, nas águas avança.

Alexander Search [F. Pessoa] in Poesia