... pensar claramente num futuro. A pensar, pensam sempre no imediato, esquecendo por completo que, para além do dia em que vivem e se tudo correr mais ou menos bem (não morrerem) vão ter ainda um futuro.
Estranho isto de tal maneira que em vez de ficar escandalizada com uma amiga minha, fiquei a pensar vezes sem conta no raciocínio dela e a perguntar-me: Agora a sério, há mesmo alguém que pensa assim?
Engravidou. Como engravidou (apesar de já viver há cerca de 2 anos com o namorado) acharam ambos que ficava bem casarem. Assim, têm um bebé por vir ao mundo (com poucas condições certamente, pelo quadro geral da vida deles) e um casamento por arranjar.
Há cerca de 4 anos atrás, ela disse-me (ainda namorava ela com outro) a mim e a uma amiga nossa, que eu seria a madrinha do primeiro filho dela e a minha amiga a madrinha de casamento ou vice-versa. Ou seja, cada uma de nós seria a madrinha de algo, em relação à vida dela.
Com o bebé por vir ao mundo, ela decidiu que a minha amiga seria a madrinha do bebé, facto este que eu apoiei e gostei. Por dois motivos, devo dizer: primeiro, porque eu nunca lhe fui muito próxima (como se costuma dizer, eu para ela era uma grande amiga, mas ela para mim era uma simples amiga e, em alguns momentos, passava mesmo por conhecida - sempre achei que a palavra amigo não deve ser empregue levianamente). Segundo, porque achei que a minha amiga seria realmente a pessoa ideal para ser madrinha do bebé. Achei eu, na minha inocência, que os motivos da futura mãe eram os melhores. Pensei mal. Ela ligou-me a dizer que a minha amiga seria a madrinha do bebé dela. Pensei cá para comigo que se calhar aquele telefonema tinha carimbado um sorriso amarelo, em jeito de desculpa, e fiz questão de lhe demonstrar que eu tinha ficado muito contente com a decisão dela (palavra que fiquei). Mas depois o telefonema trouxe-me uma valente desilusão, quando ela me explicou o motivo dela:
Sabes porquê... É que dava-me mais jeito seres tu madrinha de casamento... Porque és rica e ela não.
Tal e qual, assim ser tirar nem pôr.
Pelo que percebi (acho que percebi bem) para ela é mais importante que alguém lhe pague o vestido de noiva ou uma boa prenda de casamento, do que alguém com uma vida estável que pudesse cuidar e proteger o filho dela.
Sim senhor. Vai fazer-se ali uma grande mãe.
Assim como assim, não está nos meus planos ser madrinha de casamentos deste género. Obrigada à mesma. Foi demasiada simpatia junta.