« Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa. »
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa. »
Fernando Pessoa
Num dia como este, em que se assinalam os direitos das crianças, o dia delas, de todas as crianças do Mundo (e serão tantas que dará certamente uma conta difícil de se fazer com um resultado certo) acho que as crianças que existem por aí que têm de lutar pelos seus direitos merecem especial destaque hoje. Não que as restantes não mereçam, porque merecem, mas as crianças que não possuem os seus direitos, não estão a ser, no fundo, crianças.
Todas essas crianças abandonadas, negligenciadas, maltratadas, abusadas, deixadas a morrer à fome, ao calor, ao frio... Mortas, torturadas, perseguidas, vendidas... Todas elas, se pudessem pedir alguma coisa para o dia de hoje, pediriam certamente para experimentar por um dia, vinte e quatro horas apenas, o que é ter uma vida normal. Um dia, nos milhares de dias que todos nós temos e vivemos, desperdiçados muitas vezes... Um dia... Para sentirem qual é a sensação de paz, de carinho, de segurança, de amor. São estas crianças que nunca tiveram um dia de todas essas coisas boas. Tenho a certeza que nenhuma delas pediria algo mais. E, para elas, isto já seria pedir o mundo.
Um dia, nos aproximadamente 1600 dias que uma criança de 4 anos, por exemplo, já terá vivido.
Um dia, nos 2340 dias que uma criança de 6 anos já terá vivido.
Um dia, nos 3000 dias que uma criança de 8 anos já terá vivido.
Um dia, nos 4500 dias que uma criança de 12 anos já terá vivido.
E, até chegarem aos 18 anos de idade, 1 dia, nos 6700 dias que já terão vivido.
Dá que pensar, não dá?
3 comentários:
Todos os dias deviam ser os dias dela... as crianças merecem sempre ser bem tratadas,
É realmente triste a realidade em que muitas crianças vivem. Mas quem muito pode fazer por elas é quem menos faz. Cabe-nos a nós irmos fazendo o que podemos, que é pouco certamente.
REalmente há realidades muito diferentes e todas as crianças merecem uma juventude cheia de brincadeiras e , acima de tudo, amor!
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