Quantas e quantas vezes na nossa vida nos afastámos de pessoas por motivos de dor? Porque nos magoaram, porque nos decepcionaram tanto, que deixámos de ter espaço no nosso coração para os sucessivos e repetidos pedidos de perdão de que elas precisavam, sempre que erravam. Até que chegou um dia em que decidimos afastarmo-nos. Porque sim, conseguimos perdoar, mas não sempre a mesma pessoa. Temos pena de que a história com aquela pessoa termine assim, mas temos pena sobretudo que a pessoa continue a errar sucessivamente, sem se aperceber de que nos consome o coração por inteiro e sem se preocupar que fiquemos sem espaço para que outras pessoas eventualmente o magoem também. Essas pessoas deixam-nos tão vazios, tão magoados, que irmo-nos embora das suas vidas, apesar de difícil, é muitas vezes o que nos salva. Mas depois há aquele dia em que, passado muito tempo, nos reencontramos com a pessoa. Ela surge-nos à frente, igual a si mesma. Eu sempre acreditei que quando reencontramos as pessoas que nos magoaram e pelas quais sofremos, o nosso coração diminuiria de tamanho e seríamos atirados para o passado, com todo o sofrimento de antes. Mas não. Existe pior do que isso. Existe aquele sentimento de olhar para aquela pessoa e de nos perguntarmos o que é que vimos nela um dia para que fosse importante para nós. O que é que vimos naquela pessoa que nos levou a sofrermos tanto por ela, a passarmos tantas e tantas horas a ver onde é que errámos. E ali estamos nós. A olhá-la de frente, para a pessoa. Igual como sempre foi. Mas desta vez não nos entristece. Nem alegra. Nem revolta. Nada. E é essa indiferença de sentimentos que nos provoca que dói. Afinal de contas, como é que permitimos que algumas pessoas ocupem um lugar tão importante nas nossas vidas, sem nos apercebermos da sua verdadeira natureza? Por que é que é preciso crescermos, envelhecermos, vivermos tanto, para conseguirmos um dia passar por elas na rua, conversar com elas, e ver, aí sim, que poderíamos por ventura permitir-lhes que entrassem na nossa vida, mas só o pouco e suficiente para que não nos destroçassem o coração irremediavelmente para sempre.
13 comentários:
O que permitiu foi vermos a pessoa com os óculos da paixão, do sentimento. Quando a reencontramos mais tarde já não temos esses óculos e vemos essa pessoa pelo que ela é, não pelo que a paixão despertava em nós: ilusão e o desejo que a pessoa à nossa frente, o alvo da nossa paixão, ascendesse às expectativas que tinhamos delas. O que acontece é que as pessoas são como são. Não como gostaríamos que fossem mas a paixão tolda-nos essa realidade.
Depois reencontramos a pessoa e não sentimos nada. Absolutamente nada. E surpreendemo-nos. Significa também que crescemos e significa aprendizagem. Por isso nos é tão dificil perceber a pessoa que fomos, a que se deixou levar pelo sentimento. We've outgrown both: ourselves and the object of our feeling. That's why in the end, we always pull through. Always, no matter how big the heartache, we always pull through.
Gostei muito do texto.
Um beijinho.
LINDO LINDO LINDO!
O melhor texto que alguma vez li a falar sobre isto... So true...
Tive uma amizade assim. É estranho esse sentimento... Mas é libertador! :)
Bem... Que post fabuloso... Parabéns, primeiro que tudo...
Segundo: já passei por isso com várias pessoas, amigos, paixões, família e nunca ninguém exprimiu por palavras tão bem o que senti.
Beijinho
o que eu matava para ter a tua inspiração... está lindo o post!!
neste momento, está-me a acontecer isso. E a sensação é horrível :s
gostei muito da forma como conseguiste descrever (tudo aquilo que eu sinto*) (:
Uau escreves mesmo lindamente :)
Acho que nessas situaçoes devemos de ficar com um sorrisinho por dentro e pensar que aquele traste que esta a nossa frente nos fez sofrer tanto, mas conseguimos abrir os olhos a tempo de sofrermos ainda mais e tambem pensarmos que ja nos e complemtanete indiferente :)
beijinhos
PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!! Já passei por esta situação e tantas vezes tentei escrever sobre ela e faltam-me sempre as palavras.. este texto está sublime.
Passei pelas duas fases, já depois de um tempo separada de uma pessoa que só me fazia mal e da qual me afastei por um tempo, no reencontro demos um abraço do tamanho do mundo. mas passado de facto o tempo necessário para que assimilasse realmente a pessoa que ele era.. foi mesmo isso, quando o olhei, nada. rigorosamente nada. enfim.
parabéns pelo texto, a sério.
beijinho
Pior ainda é quando tens esse sentimento de te perguntares afinal o que viste nessa pessoa e ainda nem sequer te foste embora...
CREDO!
Como é possivel descreveres tão bem o sentimento?? ADOREI
De tudo o que já li em blog's, este texto é para mim o melhor.
MEU DEUS! Nunca vi a minha historia tao bem descrita... Sempre achei que o 1º amor durava para sempre... enganei-me! E foi taaaaoooo bom quando ele olhou para mim com ar de quem tinha visto mm a mulher da sua vida que tinha perdido, e eu... nada...
Achei o 2º amor... :) Muito mais perfeito que o 1º... achava eu! Correu mal de novo... agora estou a espera daquela fase em que vou olhar para ele e sentir-me ridicula por algum dia ter chorado 1 lagrima. Ainda nao cheguei la... Mas espero que todas as coisas que leio e faço para nao cair em depressao de novo me ajudem a passar menos tempo a achar que o mundo acabou para mim... :)
Magnifico !! escreve muito bem , analiza melhor ainda .Quem me dera ter metade do seu talento para escrever .o Seu blog , neste momento para mim um dos melhores em Portugal . Continue sempre !!Neste Caminho !Beijocas
texto lindo, parabens*
Miss Daisy, também me revejo neste texto, pelo que o levei comigo, mesmo sem autorização, mas com os créditos garantidos. Espero que não se importe.
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